quinta-feira, 28 de abril de 2011

A escola e as tecnologias

Segue abaixo um recorte de partes que considerei mais importante para a disciplina de TIC - como apoio educacional de um trabalho sobre - As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis... relações construídas escrito por Tânia Maria Esperon Porto - Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Educação.

A formação docente, segundo a pedagogia da comunicação, é responsabilidade não só da academia, mas do espaço onde a ação acontece. Uma formação, neste sentido, está aberta a novas experiências, novas maneiras de ser, de se relacionar e de aprender, estimulando capacidades e ideias de cada um; proporcionando vivências que auxiliem professores e alunos a desenvolverem a sensibilidade e a refletirem e perceberem seus saberes (de senso comum) como ponto de partida para entender, processar e transformar a realidade.
      
A rapidez com que são disponibilizadas e processadas as informações é uma das características das novas tecnologias. As informações chegam até nós como não imaginávamos há 20 anos. Na história narrada na epígrafe, a mãe-professora sente-se impotente perante o filho, que consegue processar/ler informações que ela (tradicionalmente responsável pela função de ensinar) não consegue. Ela vem com “outros sentidos” sobre o ato de ler e interpretar textos, segundo a lógica da cognição que não a preparou para compreender e contextualizar imagens e ícones em japonês. O filho mostra-lhe um processo de leitura que vai além dos textos impressos. Está em jogo uma leitura não limitada à extração de informações do texto, conforme a escola solicita e espera.
      
Está no game uma outra intencionalidade, uma dimensão lúdica, uma busca de emoções e de sentidos associados à “lógica do jogo e às tentativas com os ícones”, habilidades adquiridas pelo menino, provavelmente sem o auxílio da escola. Ele, como os demais meninos da realidade atual, é capturado pelas múltiplas linguagens e sentidos das tecnologias. Na maioria das vezes, a escola prepara para ler símbolos (palavras e frases) em textos escritos, sem a consideração de imagens e/ou outras linguagens dos diferentes suportes tecnológicos presentes na realidade atual e, principalmente, sem a preparação para a abundância de “novidades” impostas pelo mercado tecnológico. 

Os meios tecnológicos e seus numerosos produtos chegam ao menino destinatário de forma direta e imediata, influenciando-o sem que outros agentes educativos (no caso da história, a mãe-professora, que representa a educadora) atuem como mediadores.

Um processo de formação docente com temas do cotidiano discente

Tradicionalmente, as escolas têm se preocupado com os conteúdos curriculares a serem vencidos. Esta prática desagrada muitos professores e estudantes que entendem que o currículo deve conter temas relevantes e atraentes às experiências discentes, conectando-os com a vida e a realidade social em que vivem. No entender desses professores, é importante que sejam valorizados os saberes e experiências dos alunos; muitos deles, porém, admitem ter dificuldade para lidar com essas situações devido a falhas observadas em seu processo de formação e/ou de trabalho.
          
Para Morin (2000), o professor tem o dever de educar-se sobre o mundo e sobre a cultura dos estudantes para que possa responder às questões e curiosidades deles, preenchendo lacunas entre o mundo do professor (adulto), o mundo do aluno (criança e jovem) – na maioria das vezes em contato com as tecnologias – e o dos conhecimentos escolares. Os conteúdos presentes nas tecnologias da comunicação, em especial na televisiva, fornecem elementos para expressão e compreensão de processos sociais, pois trazem para a cena conflitos, estereótipos, situações e contextos a serem debatidos/refletidos pelos sujeitos escolares (também espectadores), muitas vezes com dificuldades para, sem orientação, lerem imagens e perceberem conexões montadas pelos meios para “vender” seus produtos, ideias e serviços. Mas como levar esses temas para o dia-a-dia da sala de aula?
          
Trazendo para debate situações e temas da realidade discente, comparando-as com o tratamento dado pelos meios de comunicação às questões polêmicas, pude auxiliar os professores a prepararem-se para orientar os alunos a estabelecerem relações entre o seu cotidiano, o do meio e o da sociedade, percebendo significados e criações para esses temas.
          
Assim, o adulto, antes de tratar o tema com seus alunos, precisa ser ouvido e ouvir-se, conhecer o conteúdo e conhecer-se, sentindo-se capaz de (re)conhecer seus preconceitos, tabus e, principalmente, seus limites para conduzir assuntos polêmicos (Porto, 2003). Nesse sentido, os professores, refletindo sobre as informações presentes nos meios de comunicação, observam que a realidade neles retratada é uma construção social, e a orientação docente pode auxiliar os alunos a uma leitura crítica e, consequentemente, a uma intervenção na realidade.
          
Assim, a escola, ao utilizar temas do cotidiano discente e linguagens tecnológicas e comunicacionais em processos de formação docente:

• trabalha com um material que faz parte do dia-dia dos sujeitos escolares e é agradável a eles;
• introduz a vida na escola, chegando por meio de textos às inquietudes, interesses e dúvidas de professores e alunos sobre temas vitais;
• envolve os docentes em experimentações pedagógicas com novas linguagens;
• faz aflorar percepções e situações vividas no dia-a-dia, que interferem em sua prática profissional;
• propicia aprendizagens para além das racionalidades, envolvendo sensibilidade, intuição, emoção e desejo;
• possibilita interação entre os professores, destes com os estudantes, e de ambos com os conhecimentos escolares e as tecnologias;
• aumenta o poder de decisão e de criação dos sujeitos;
• colabora não só com a formação do sujeito crítico, mas conduz à formação do cidadão crítico.



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